Biombo Escuro

TEMPORADA DE PREMIAÇÕES

Elvis

por Guilherme Salomão

11/03/2023; Foto: Divulgação

Retrato apoteótico da ascensão e queda do Rei do Rock

A vida de Elvis Presley, mundialmente conhecido pela alcunha de “O Rei do Rock and Roll”, após décadas de filmes e documentários dos mais variados (como o longa para televisão Elvis Não Morreu, de John Carpenter e com Kurt Russel no papel principal), agora é o foco desse longa-metragem que visa recontar toda sua trajetória. Porém, com cerne na relação polêmica entre o cantor e a controversa figura do coronel Tom Parker- seu empresário, cujo o olhar oportunista para a figura de Elvis é o que nos guia nessa jornada. 

Dirigido por Baz Luhrmann, cineasta conhecido por Moulin Rouge (2001) e O Grande Gatsby (2013), destaca-se, de imediato, o ponto de vista frenético e inquieto do realizador para com a história, em um estilo bastante semelhante e característico de outras realizações do australiano. Assim, em sua grande maioria, os fatos nos são apresentados por meio de sequências intensas, que apostam na variedade de elementos estéticos e de linguagem, como montagens dinâmicas, sobreposições, letreiros informativos estilizados e até componentes de histórias em quadrinhos. 

A audiência é estonteada, nesse contexto, por episódios de vigor abundante e que transbordam empolgação. A representação perfeita, em uma análise mais direta, do ritmo estrondoso da ascensão de Elvis ao sucesso e dos momentos mais apoteóticos e icônicos de sua trajetória. Todos eles, por sua vez, sustentados por meio de um excelente trabalho de figurino e design de produção, acurados na reconstrução da inconfundível e extravagante iconografia que cercava a figura de Presley. 

É fato que, no início do longa, entretanto, essas sequências podem causar certa estranheza, por soarem caóticas na medida em que apresentam pontos seminais da infância e juventude do cantor. Subsequentemente, porém, chama atenção como Luhrmann é consciente em recorrer a momentos mais convencionais, quando entende que esses se fazem necessários para a construção dos dramas da vida pessoal de Elvis- sobretudo sua relação problemática com o seu empresário e com sua esposa, Priscilla, suas perdas, inseguranças e o vício em medicamentos prescritos. 

Nesse contexto, Tom Hanks, auxiliado por uma maquiagem pesada que deforma sua aparência, é certeiro em construir a figura do canastrão Coronel Parker. Porém, Elvis é, do início ao fim, um show de Austin Butler. O promissor jovem é excepcional tanto na representação de um vigoroso ídolo de toda uma geração, quanto na de um homem decadente dentro de sua própria grandeza, destinado a um final de vida precoce e triste. 

Resultando, assim, em um final comovente (em especial para os fãs do cantor), com uma montagem com imagens de arquivo e reais do cantor alternadas com as de Austin Butler que transmite toda a grandeza da figura de Presley, Elvis é um filme preciso em ilustrar para as audiências contemporâneas, de forma sucinta e generalista, o fenômeno que foi o Rei do Rock. 

Em suma, uma celebração de legado digna e que reverbera o espírito de Elvis Presley.

Guilherme Salomão

Redator

Guilherme Salomão é Social Media, Produtor Audiovisual, Colunista e Criador de Conteúdo digital apaixonado por Cinema, Música e Cultura Pop. Administrador por formação, onde foi autor do TCC “O Poder da Marca no Cinema: O Caso Star Wars de George Lucas”, ele também estudou Produção Audiovisual na Academia Internacional de Cinema.